domingo, 15 de novembro de 2009

Ribeira de Eiras


A minha ribeira, a par de tantas outras que existem pelo mundo fora tem para mim um encanto como tem para outros a ida ao futebol, à caça ou outra actividade que lhes dê prazer. Perde-se no tempo, a ligação dos homens com os cursos de água, porque era aí que passavam grande parte das suas vidas, a construir e reparar "levadas"( canais construídos a montante dos rios que por gravidade chegavam às suas hortas, e aos moinhos)a regar, moer o pão, moer a azeitona... As mulheres, com os filhos ao colo e pela mão, além do cesto de roupa à cabeça, seguiam o mesmo caminho e enquanto eles se dedicavam aos trabalhos agrícolas, elas davam a brancura possível à roupa, tomavam conta dos filhos e preparavam a refeição. Nos poucos dias possíveis a família fazia romaria à ribeira, mas agora para se divertir com os mais pequenos a brincar na água, os mais velhos a apanhar barbos, bogas, enguias etc. Era dia de comer os delíciosos peixinhos da ribeira , à mistura com uns passarinhos apanhados nas "costelas" pelos especialistas do grupo. Era a alegria possível numa vida dura que não dava tréguas. Mas alguém tinha que trabalhar: a testemunhar isso lá estava a roupa lavada a secar, em cima de juncos, fruto do trabalho de alguém que se divertiu menos, mas que mesmo assim era melhor que ficar em casa, pois o convívio familiar era escasso , o trabalho diário de cada um só terminava quando o sol se punha, vinha o cansaço, luz eléctrica não havia. Há que deitar cedo para cedo erguer. Era imperativo continuar a rotina, não dava para mais.
Por favor não estraguem a minha ribeira.